"Os homens, porque perdem a saúde para ganhar dinheiro,
depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde,
e vivem tão ansiosos pelo futuro
que se esquecem de viver o presente,
e acabam por nao viver nem o presente nem o futuro,
e vivem como se não fossem morrer,
e morrem como se nao tivessem vivido."
(-Dalai Lama.)
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Revisar o passado é atualizar o presente, do futuro.
Faça experiências com humanos.
Utilize sem dó os tantos que estão a disposição ao seu redor:
Retire-os de suas zonas de comforto com uma oportunidade incomum,
e introduza na situação um elemento significativo inesperado e preferencialmente inofensivo*,
se quiser captar a essência da alma do(s) ser(es) testado(s), naquele momento.
Eu utilizei bolhas de sabão e uma lanterna led
(ambos comprados em uma loja de brinquedos para crianças),
em uma noite chuvosa de provas que, antes de todos voltarem as suas salas, houve um blackout por causa desconhecida.
Todos desceram do prédio e se amontoaram proiximo à cantina.
Bolhas são inofensivas, o líquido usado era específico, pois bolhas de detergente e outros agentes caseiros são disformes e muito carregadas, portanto podem molhar e manchar quando tocam.
O fluído específico para bolhas é encontrado em todos os brinquedos do tipo, é obrigatoriamente atóxico, não molha ou mancha, evapora facilmente e vem com opções de perfume variadas.
Um elemento inofensivo e inocente, que remarca os tempos da infância.
O blackout somente ajudou: me proporcionou o ambiente exato que eu precisava para a experiência.
Os resultados forem além do que eu tinha imaginado: houveram extremos, onde pessoas me criticaram por fazer aquilo, pessoas correram por suas vidas (de bolhas!), e gritaram, zombaram, mas bastou que eu virasse as costas e as mesmas se encontrassem distraídas, para até sem perceber, estarem acompanhando completamente vidrados os movimentos, ou brincando com as bolhas.
Houveram muitas pessoas que riram, pois diferenciaram imediatamente o que era ao toque.
A lanterna pequena sobre a mesa iluminava apenas a minha presença alí fazendo as bolhas num canto despercebido, e todos em um completo breu não percebiam a chegada das mesmas ate serem tocados.
Isso foi o que mais desencadeou reações estranhas.
Tinha um cara que passou por uma corrente de bolhas alinhadas, e saiu desferindo golpes, após pedir licença para o objeto desconhecido que o tocava o corpo todo e ser negado (!)
Outros dois homens saíram chingando em voz alta, até perceberem do que se tratava.
Um deles riu. O outro mesmo no breu a luz de celulares e notebooks, olhou pra mim com ódio.
Quem levou mais na brincadeira eram, em geral, meninas...
Houve um grupo, próximo a mim, em que uma assustou-se quando foi tocada e ao ver que eram apenas bolhas, saiu do recinto. Outras duas meninas do grupo que também foram tocadas ao mesmo tempo, passaram a procurar por bolhas, e só aceitaram quando eu molhei a mão das duas com solução, e elas puderam pegar algumas bolhas. As outras riam o tempo todo.
Todos os zombamentos e parte dos chingamentos vieram de meninos, a grande parte dos zombamentos vindos de meninas, eram apenas concordantes com os mesmos.
A maioria se referia ao fato, no geral, de que aquilo era coisa de criança e se referiam à isso de forma bastante pejorativa, e eram proferidos de forma irracional e repetitiva, e foi claro de se observar a insistência que eles tinham em reafirmar sua opinião sobre o assunto, em qualquer brecha de diálogo em seus grupos em que tinham chance.
Enquanto todas as meninas disponíveis que quiseram interagir com as bolhas, tentavam a todo custo chegar o mais próximo de tocá-las sem que elas estourassem, esse era o maior motivador nos meninos, havendo um grupo de meninos que começaram a competir entre si pelas formas mais enérgicas e eficazes de acabar com o maior número de bolhas possível.
Observei apenas dois meninos que estouraram algumas junto com o grupo e se afastaram da brincadeira para conversarem, e ao fazerem isso, sem perceberem, durante a conversa tentaram pegar as bolhas na mão.
Um dos meninos do grupo, enquanto esse se afastava, tentou dar um chute numa bolha e acertou um casal agarrado sentado próximo, que não a tinha notado. Ele pediu desculpas ao rapaz e foi embora, e logo depois a menina viu uma bolha grande aproximar-se dela, e sorriu para menino, mostrando-a. Ele que estava distraído olhando pra baixo, sem virar a cabeça furou a bolha. Ela pareceu ignorar o feito, porém 30 segundos depois ela soltou dos braços dele sem ele perceber, enquanto conversavam amigavelmente, e 2 Minutos depois ela levantou-se para ir ao banheiro, e não voltou. Mais 5 minutos depois ele a encontrou com duas meninas e a trouxe de volta, sentou-se com ela e iluminou algumas bolhas com o celular, e 30 segundos depois estavam se beijando.
Emfim, eu não faço psicologia nem nada, mas é curioso alguma vez na vida abrir os próprios olhos e olhar ao redor, e finalmente, sentir que realmente viu alguma coisa.
...Não acha?!
*Mate os outros apenas de susto.
...Costuma trazer melhores resultados. ;)
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