"História pra boi dormir".:
"(...)O boi comeu a grama a vida toda. Ai eu como o boi.
O peixe comeu... Aquilo que peixe come... (e quem se importa com oq o peixe come mesmo, né?!)... o plancton QUE É FEITO DE ALGA MARINHA, e eu como peixe.
A galinha come milho, eu como a galinha, o coelho e o porco come verdura, eu como os dois.
Vê, também sou VEGETARIANO!!!"
-Um conhecido, cujo nome não interessa, mostrando uma grande lição de biologia "natúrau", pras criancinhas reunidas num churrasco de sitio.
Motivo: Eu vi uma mae forçando uma a comer carne. E quando eu perguntei pra ela o porque, ela mostrou o prato com "suco vermelho, parece sangue!" com nojo. Eu tentei explicar a lógica, até porque crinaças nem sempre entendem o que você diz, e eu não gosto de falar duas vezes. Eu expliquei SÓMENTE, que era SANGUE sim, POIS era da VACA que mataram pra pegar o filé, que é a bunda da vaca... Tentei parecer amigável e não criar muitas surpresas, apesar do assunto não me ser do mais agradável, não quero assustar crianças de 6 anos, mas mentir também acho escrotice. Nada mais que a verdade, ficava pra ela julgar. Ela julgou certo. ME encheu de perguntas, fiz o possível pra responder, mas quando eu vi ela ficar triste demais pra um momento de reflexão infantil, ela disse que o pai tinha dito que a vaca dela tinha fugido do pasto. O pensamento completava quando " mas todas as vacas que as pessoas cuidam são pra matar e comer?", junto com "nunca prendiam ela, ela tava presa no estábulo há 3 dias!"
Fiz o melhor que pude, para que ela soubesse da verdade tão incoberta pela hipocrisia dos adultos, mas tomei cuidado, minha intenção não era criar uma tendência, pois se ela não visse soszinha jamais iria conseguir ver a realidade senão outra mentira, e se ela iria lamentar e pedir mais tarde um outro pedaço da brasa ou não, ficava por conta do julgamento dela sobre o que seria então prioridade. Confesso que era o que eu esperava, pois a maioria das crianças já estão desde muito pequenas alienadas no sistema autocompensatório de hipocresia em que vivem os pais. Não aconteceu. Confesso que fiquei um pouco chocada.
No fim das contas, ELA pediu pra eu levar ela no mato, com o prato cheio na mão.
Eu não tenho religião especifica, não costumo "rezar", pelomenos como a maioria das pessoas o faz, mas eu rezei como pude. Um pai nosso católico, e depois algo mais sincero. Nada que deixaria minha vó orgulhosa...
Me veio então na cabeça a idéia de escrever o nome dela numa arvore, e de deixar o prato ali, porque ela queria um funeral e avisar a todo mundo, mas eu já sei no que isso dá, logo consegui convencê-la de que aquilo era desnecessário, que era melhor deixar o prato ali mesmo, embaixo da arvore e no meio do mato, assim agente ''ajuda a alimentar um ANIMAL que come carne PORQUE REALMENTE PRECISA".
Aprendi muito nesse dia. Foi mais estranho do que qualquer outra coisa, estar lá naquela hora, justo eu, eu que sempre guardo pra mim, sempre assistí. Mas sai pelomenos com a certeza de que fiz o meu melhor, o que significa que fiz o máximo possível para ser razoável e principalmente racional. Como creio já ter dito, é inútil você usar fogo para apagar o fogo, já que de opinião induzida já chega a dos pais, que não tiveram a sorte de ouvir a verdade como ela é em sua própria vida, sem aflorismos nem pra melhor nem pra pior, e assim tiveram o grande golpe ao seu senso critico dado por aqueles que só queriam protegê-los do próprio calabouço de medo oriundo da ausência de questionamento a que estão sí mesmos presos, utilizando como peneira a hipocrisia, para tapar a luz da verdade que se sucede. Somente a segui, ela teve a chance de fazer julgamentos e tomar decisões, e isso espero que ela use em quasiquer momento na vida.
Não nego porém as lágrimas, que na circunstancia escondi como pude. Não eram proprias pois não partilhavam do mesmo motivo das dela.
As minhas vinham de outra situação, que eu persuadi a afastar-se da memória enquanto estava alí. Foi um grande dia, mas eu havia me proposto de ser o pilar mais forte, assim sucedí.
E quando acabou, pude libertar os sentimentos, e de manhã voltei ao local.
E o máximo que pude julgar se resume em "estranho", pois nada mais é, eu estar alí naquele momento...
Pensar que há mais de 15 anos atrás, a vaca dela eram a porca e os leitões do vizinho, a noite era quase nascer do sol, e a menina, era eu. Mas eu entrei no mato só.
